RATOS – Porque a internet destrói os jogos

A internet é uma maravilha!

Mesmo para quem viveu os tempos difíceis dos discadores, preços absurdos do custo da ligação telefônica, modems queimando frequentemente e etc., não podemos negar que a popularização da internet contribuiu demais para todas as áreas da atuação humana, direta ou indiretamente.

Aprender a fazer algo de uma forma diferente ou mais eficiente, passando por histórias contadas por quem nunca teria oportunidade de contá-las até realizar tarefas remotamente (esta última imposta pelos acontecimentos recentes), a internet, tanto a estrutura quanto o conteúdo, tem sido essencial a anos não só para o trabalho como também para o entretenimento.

Isso modificou bastante também a indústria de jogos, mudando o foco dos jogos individuais e locais (que eram mais simples) para um modelo globalizado, onde a interação entre os jogadores já é parte inerente da jogatina, independente do jogo ser multiplayer. Hoje em dia, até jogos singleplayer podem ser assistidos e até serem jogados remotamente por outros jogadores, como no Share Play do Playstation e Remote Play Together da Steam.

Porém, nem só de coisas boas é feita a internet: aliás, tem muita coisa ruim, mas muito ruins mesmo!

Bom, melhor não mexer nessas coisas…

Mas chega de história e vamos voltar para o tópico desse vídeo: a internet estraga os jogos.

Como assim?

Bem, vamos voltar bastante no tempo…

No início nada existia, então fez-se a luz…

Não, vamos adiantar isso.

Quando os jogos começaram a surgir, todo o código para executá-lo estava no mesmo local da sua execução, sem conexão exterior.

Mesmo que o jogo comporte mais de um jogador, o jogo está limitado ao ambiente em que ele está sendo executado. Era o padrão dos arcades, computadores e consoles.

Qualquer alteração ou correção nesses códigos demandavam muito tempo e dinheiro para serem feitos e, por esse motivo, ‘impunham’ aos criadores dos jogos a “perfeição”, ou o mais próximo disso, antes da publicação dos mesmos.

Não entendam errado: a internet é realmente muito importante para os jogos atualmente.

Porém, isso tem tornado as empresas de jogos mais relapsas em relação ao padrão mínimo para a publicação do jogo, pois sabem que a correção pode ser feita posteriormente, caso haja muita comoção.

E é fácil entender o porquê: quanto antes lançar, mais rápido começam a receber, economizam os custos de testes e, o que acho mais absurdo, os erros e melhorias acabam surgindo pelo esforço da comunidade.

Até entendo que desenvolvedores indie tentem minimizar os custo dos testes – mesmo percebendo que estes parecem se preocupar muito mais do que as grandes empresas com a qualidade final do jogo – mas é muito fácil notar que as grandes empresas estão redirecionando esse custo para os usuários descaradamente.

Claro que ficamos chateados quando há atrasos no lançamento dos jogos mas, se o motivo para esses atrasos forem para realizar mais testes e garantir a qualidade do produto final, seria compreensível.

Porém existem atrasos até por conta da janela de lançamento: Aguardar o período que menos jogos estão sendo lançados para lançar o seu.

Bem, sabemos que a ganância das empresas é um fato. Então, especificamente sobre a internet, essa facilidade em poder corrigir o jogo após o seu lançamento é o que considero o mais perigoso:

jogos quebrados no lançamento, mas que possuem um certo retorno financeiro podem ter seus problemas corrigidos posteriormente, às vezes com tantas modificações que se equiparam a um jogo novo (Cyberpunk 2077?), enquanto os que acabam não tendo o retorno planejado pela desenvolvedora simplesmente são abandonados sem cerimônia (Anthem).

Aliás, resolvi fazer este video depois de ouvir um podcast do Game Industry Carreer Guide – https://www.gameindustrycareerguide.com/ – site especializado nas carreiras da indústria de jogos, já que, apesar de a carreira de testador de jogos parecer o emprego dos sonhos, há muitos relatos de mal gerenciamento e crunching (que é quando a empresa força os trabalhadores à fazer horas extras) e até o cancelamento dos testes somente para atender aos prazos dos desenvolvedores, o que demonstra atualmente que não é uma fase tão importante para as empresas, já que tudo pode ser corrigido depois que os jogos forem vendidos e testados pelos próprios consumidores.

Para demonstrar que os testes de qualidade nos jogos é bastante ignorado, somente recentemente algumas produtoras de jogos conseguiram que fosse criado um sindicato para os trabalhadores dessa categoria, aumentando um pouco a importância do setor.

Outro ponto que é importante lembrar que a internet afeta é o fato de que os jogos não são nossos.

Pois é, compre um jogo em qualquer plataforma digital e, se os servidores estiverem ativos, você joga. Caso contrário, senta e chora.

E isso tudo só demonstra que somos tratados como ratos de laboratório dentro dessa gaiola chamada internet, onde o desenvolvimento dos jogos já é determinado pelos dados pessoais que as redes sociais e apps de pesquisa já roubam de nós diariamente e, de tempos em tempos nos apresentam uma nova rodinha de correr… Se depender de mim, podem me chamar de Forest Gump 🏃🏻‍➡️.

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