Adolescência, nova aposta do streaming, acerta em cheio a galera com o seu modo de filmagem sem cortes e com atuações marcantes. Mas não se aprofunda em um tema extremamente importante e atual: a influência da cultura red pill no comportamento dos adolescentes.
A produção apresenta um jovem lidando com frustrações, mas não deixa claro o que está por trás da sua transformação. Para quem já conhece o termo red pill, os sinais estão ali. No entanto, para pais, mães e responsáveis que nunca ouviram falar sobre isso, a mensagem pode passar despercebida — e esse é justamente o problema.
O que leva o protagonista a um ato extremo não é explicado com clareza. Adolescência poderia ser um alerta valioso para famílias e educadores sobre os riscos de certos discursos online, mas ao evitar se aprofundar nessa discussão, a série perde uma grande oportunidade de orientar quem mais precisa entender o que influencia os jovens atualmente.
Na vida real, a cultura red pill tem sido associada a comportamentos problemáticos, como a distorção da masculinidade, aversão ao diálogo com o feminino e incentivo a uma visão hostil sobre relacionamentos. Embora nem sempre seja visível, esse tipo de influência digital pode afetar profundamente a forma como adolescentes lidam com o mundo ao seu redor.
O roteiro acaba sendo raso e deixa essa questão em segundo plano. O desfecho é impactante, mas desconectado do processo que o personagem vive, o que pode gerar dúvidas ou interpretações superficiais — especialmente para quem não conhece esse universo online.